
As habilidades sociais são aprendidas. Verdade ou mentira? As habilidades sociais são inerentes ao ser humano? O céu no dia do seu nascimento determina suas habilidades sociais? Deus nos fez sociáveis?
Seja qual for a explicação para o ser humano ser social, me parece que eu falhei.
Seja qual for a explicação para o ser humano ser social, me parece que eu falhei. Desde que tomei consciência da minha existência a presença do outro me deixa aflita. As pessoas, na minha visão, são como bombas: ou eu as desarmo ou elas “explodem” na minha cara, tornando qualquer interação cansativa e estressante.
Talvez seja difícil de entender o meu comportamento para quem não gosta de ficar sozinho e se sente mal se não tiver companhia para o almoço. Para mim é difícil entender o motivo pelo qual as pessoas querem ficar acompanhadas o tempo todo.
Não gosto de falar sobre isso, mas várias vezes já demonstrei o meu desconforto de estar perto e tenho medo de magoar os meus amigos. Sim, eu tenho amigos. Me orgulho de pode dizer que eu me relaciono com as pessoas apesar de tudo isso. Como isso aconteceu? Eu gosto de ajudar e ser útil, isso atraiu várias pessoas realmente incríveis para perto e eu me esforço sem receios para estar com elas se precisam de mim e se me querem por perto. Quando precisam ir embora eu não me esforço tanto quanto deveria para que elas fiquem, portanto os que precisam que eu aja assim acabam se afastando já que não encontram esse conforto em mim.
Talvez não tenha encontrado a pessoa certa.
Relacionamentos amorosos sempre me assustaram. Não sinto falta disso como a maioria das pessoas devem sentir. Eu calculo exatamente tudo que vai ou não acontecer em um relacionamento e nunca estou disposta a pagar para ver. Talvez não tenha encontrado a pessoa certa. Talvez eu nem esteja procurando. Por que não correr riscos? Alguma coisa dentro de mim me diz que eu não deveria e que não preciso lidar com mais dor.
Não quero lidar com isso todos os dias, chegar em casa e ainda ter mais uma dose de “como lidar com essa pessoa?”.
Dor. Essa é a palavra. Dói escrever sobre isso, porque me faz lembrar de todas as vezes que já doeu estar junto. De todas as vezes que eu chorei de alívio quando cheguei em casa pois não precisava mais ver ninguém por algum tempo. Não tinha que ficar calculando o que dizer, quando dizer, pensar no que é socialmente aceitável, pensar que tenho que olhar para pessoa quando conversamos e que ficar em silêncio durante muito tempo não é agradável. Não quero lidar com isso todos os dias, chegar em casa e ainda ter mais uma dose de “como lidar com essa pessoa?”.
O que me aflige é que não me parece tão natural assim não ficar só.
Não é Asperger ou autismo. Sim, eu faço psicoterapia. Sim, eu estou tratando minha depressão e ansiedade. Na verdade, eu não tenho medo ou odeio as pessoas. Eu gosto e amo algumas delas. O que me aflige é que não me parece tão natural assim não ficar só.